SE A LIBERDADE SIGNIFICA ALGUMA COISA, SERÁ SOBRETUDO O DIREITO DE DIZER ÀS PESSOAS O QUE ELEAS NÃO QUEREM OUVIR “
Na semana transacta passaram duas datas, sendo que, porventura, a segunda não seria possível sem a primeira.
A primeira foi o 17 de Abril de 1969, que, se fizermos um pequeno historial, só por seu turno possível por ter sido antecedida pela crise de 1962. A crise de 69 que pessoalmente, rotulo de uma campanha de resistência pacífica, urbana, civilizada e profundamente combativa, foi uma das mais duradouras manifestações contra a ditadura e que teve a sua espoleta viva no então presidente da Associação Académica de Coimbra – Alberto Martins, que com a expressão “peço a palavra” alteraria o rumo dos acontecimentos.Seguir-se-ia o luto académico que haveria de durar até 1979 e ocasionaria ainda a substituição do reitor, Professor Andrade Gouveia pelo Professor Gouveia Monteiro. As repercussões políticas imediatas estenderam-se, inclusive, ao Ministério da Educação que assistiria à saída de José Hermano Saraiva e à chegada de José Veiga Simão.
Foi uma época em que Coimbra e os acontecimentos de que foi palco marcaram decisivamente a história nacional.
Quanto à segunda data, no último sábado, dia 25 de Abril, transcorreram 35 anos da revolução dos cravos que marcou o fim do regime totalitário e a dura guerra colonial que inconsequentemente se arrastou por 14 anos.
Ora, não posso deixar de aqui sublinhar e penso que sem excepções todos me apoiarão, que o 25 de Abril este ano em Coimbra, não teve a comemoração do tributo que todos lhe devemos.
Estes dois marcos cronológicos levam-nos a reflectir que, tendo sido durante décadas e décadas a terceira cidade do país, Coimbra, vê-se hoje acantonada, amordaçada com falta de liberdade e de igualdade de oportunidades e remetida a uma pequena cidade do interior, apenas tendo direito a ser falada pelos principais órgãos de comunicação social pelas razões que certamente nenhum de nós queria, mas às quais eu pessoalmente não dei azo directa ou indirectamente.
Espero bem que a não comemoração condigna dos 35 anos do 25 de Abril e até mesmo dos 40 anos da crise de 1969 seja o fim de uma era de inércia e decadência. Possa Coimbra emergir para uma posição que historicamente lhe pertence e avançar com uma verdadeira cidadania colectiva que se reflicta no seu bem estar e desenvolvimento económico e social.
Servido pela expressão que já foi utilizada por dois presidentes “ MÃOS À OBRA MEUS SENHORES”.
Vamos devolver a Coimbra, às suas gentes, o sonho, a liberdade. Deixemo-nos de pequenez, de querelas dinásticas, e de privilégios balofos. Enfim…
“DEVOLVAMOS A COIMBRA A IMPORTÂNCIA PERDIDA”
Horácio Pina Prata
Na semana transacta passaram duas datas, sendo que, porventura, a segunda não seria possível sem a primeira.
A primeira foi o 17 de Abril de 1969, que, se fizermos um pequeno historial, só por seu turno possível por ter sido antecedida pela crise de 1962. A crise de 69 que pessoalmente, rotulo de uma campanha de resistência pacífica, urbana, civilizada e profundamente combativa, foi uma das mais duradouras manifestações contra a ditadura e que teve a sua espoleta viva no então presidente da Associação Académica de Coimbra – Alberto Martins, que com a expressão “peço a palavra” alteraria o rumo dos acontecimentos.Seguir-se-ia o luto académico que haveria de durar até 1979 e ocasionaria ainda a substituição do reitor, Professor Andrade Gouveia pelo Professor Gouveia Monteiro. As repercussões políticas imediatas estenderam-se, inclusive, ao Ministério da Educação que assistiria à saída de José Hermano Saraiva e à chegada de José Veiga Simão.
Foi uma época em que Coimbra e os acontecimentos de que foi palco marcaram decisivamente a história nacional.
Quanto à segunda data, no último sábado, dia 25 de Abril, transcorreram 35 anos da revolução dos cravos que marcou o fim do regime totalitário e a dura guerra colonial que inconsequentemente se arrastou por 14 anos.
Ora, não posso deixar de aqui sublinhar e penso que sem excepções todos me apoiarão, que o 25 de Abril este ano em Coimbra, não teve a comemoração do tributo que todos lhe devemos.
Estes dois marcos cronológicos levam-nos a reflectir que, tendo sido durante décadas e décadas a terceira cidade do país, Coimbra, vê-se hoje acantonada, amordaçada com falta de liberdade e de igualdade de oportunidades e remetida a uma pequena cidade do interior, apenas tendo direito a ser falada pelos principais órgãos de comunicação social pelas razões que certamente nenhum de nós queria, mas às quais eu pessoalmente não dei azo directa ou indirectamente.
Espero bem que a não comemoração condigna dos 35 anos do 25 de Abril e até mesmo dos 40 anos da crise de 1969 seja o fim de uma era de inércia e decadência. Possa Coimbra emergir para uma posição que historicamente lhe pertence e avançar com uma verdadeira cidadania colectiva que se reflicta no seu bem estar e desenvolvimento económico e social.
Servido pela expressão que já foi utilizada por dois presidentes “ MÃOS À OBRA MEUS SENHORES”.
Vamos devolver a Coimbra, às suas gentes, o sonho, a liberdade. Deixemo-nos de pequenez, de querelas dinásticas, e de privilégios balofos. Enfim…
“DEVOLVAMOS A COIMBRA A IMPORTÂNCIA PERDIDA”
Horácio Pina Prata